
A cozinha dos 16 estados federados da Alemanha é tão variada como as regiões, razão pela qual não existe um “prato tipicamente alemão” nem mesmo um “prato nacional”. Por isso a cozinha alemã foi dita durante décadas como espartana. No entanto, aqueles que sabiam viver e que se podia dar a esse luxo já praticavam a arte do bem comer até mesmo na Alemanha Prussiana.
Nas regiões do norte saborosos pratos de couve galega, na região de Baden prepararam-se miudezas com muita imaginação, na Baviera assados de porco com amêndoas que aquecem a alma, em Leipzig o Allerlei (uma especialidade hoje em dia injustamente esquecida e que originalmente era preparada com patas de caranguejo), Maultaschen na Suábia ou assados em vinagre na Renânia, Bratwürste (salsichas para fritar) na Turíngia, ou ainda as sempre presentes Bratkartoffeln (batatas assadas na frigideira) que muitos gourmets trocam pela sopinha de lavagante.
Atualmente os apreciadores alemães de boa comida apostam na qualidade e em produtos naturais.
Pães
Na Alemanha, o pão é sem duvida o alimento básico. Viajando pelo país, podemos encontrar em toda a Alemanha cerca de 400 qualidades de pão diferentes e cerca de 1200 variedades de pãezinhos.
Porco
Excepto talvez o cão, muito apreciado como animal de guarda, nenhum outro animal domestico acompanhou os alemães na sua historia de forma tão persistente como o porco. Ao longo dos séculos foi sempre um recurso ideal de carne, servindo simultaneamente para aproveitamento de restos. Na idade média, o porco ficava solto nas pastagens e nos pátios das quintas mas, a partir do século XIX, começou a ser engordado nos currais, pois a banha era muito procurada. Só depois da segunda guerra mundial, e para responder a novos hábitos alimentares, começaram a ser criados porcos mais magros. Estes tinham metade da quantidade de toucinho dos seus antepassados, em compensação possuíam mais carne e dezesseis em vez de doze costelas. O assado de porco, quase sempre da perna, é a refeição de domingo ou do dias festivos em muitas regiões da Alemanha. Cada região tem a sua forma própria de preparar este prato, especialmente no modo como se trata o curato para se obter uma crosta bem estaladiça. Na Baviera, por exemplo, esfrega-se com cerveja, na Renânia com alho e outras receitas recomendam que se tempere com rábano, bagos de zimbro ou noz-moscada.
Salsichas
As salsichas desempenham um papel muito importante na economia doméstica dos alemães, cortadas em rodelas e simplesmente comidas com pão. Por outro lado as salsicharias não se cansam de criar novos tipos de salsichas, até mesmo a salsicha de carne decorada com desenhos de animais, própria para crianças. As salsichas são normalmente feitas com carne, toucinho, miudezas, sal e outros temperos. Os outros ingredientes são cortados muito miúdos, bem misturados e introduzidos em tripa.
Batatas
No final do século XVI já existiam na Alemanha batatas, embora ainda só como belas plantas ornamentais nos jardins dos mais abastados. O verdadeiro valor deste tubérculo só foi descoberto nas regiões sul e oeste da Alemanha durante a guerra dos 30 anos (1618-1648), enquanto que a Prússia só chegou por volta 1720, levado pelos agricultores do Palatinado. Mais tarde, o rei da Prússia, Frederico II (1740-86), alcunhado o "Velho Fritz", incentivou o cultivo em grande escala desta planta a fim de mitigar a fome que reinava por todo o país. A salada de batata, conhecida como Kartoffelsalat, é hoje popular por todo o país.
Couves
Um legume muito apreciado pelos alemães é a couve, o que deu origem ao facto de terem no estrangeiro a alcunha de couves, "Krauts". A couve branca, também conhecida como repolho, tem um papel importante (Chucrute, em alemão Sauerkraut).
Torta ou bolo doce
Estas tortas, em geral bonitas demais para serem comidas, despertam na fantasia dos pasteleiros combinações tão requintadas e decorações tão esmeradas que acabam por se tornar verdadeiras obras de arte. As crianças ficam de boca aberta só de ver as tortas em cima da mesa. Para aniversários são enfeitadas com velas, para casamentos com um par de noivos e, quando se trata de festejar um jubuleu, com o respectivo numero de anos. Uma das mais populares é a bolo de cerejas da Floresta Negra.
Tartes = bolo salgado do tipo Alsácia
Vinhos
Para uma Europa representada classicamente pelos vinhos tintos italianos, franceses, espanhóis e portugueses, a viticultura alemã oferece uma alternativa em que ocorre a predominância dos vinhos brancos. Grosso modo, os atuais vinhedos da Alemanha acolhem 65% de castas brancas e 35% de tintas. Dentre as brancas destacam-se Riesling, Müller-Thurgau, Silvaner, Kerner, Scheurebe e Bacchus.
Cervejas
Todos os anos, no mês de Outubro, tem lugar em Munique uma gigantesca festa popular: a Oktoberfest. Para a maioria dos milhões de visitantes. A cerveja bebe-se em Masskrügen, canecas que contem um litro de cerveja. O jeito de segurar a caneca de vidro aprende-se da mesma forma que se aprende o hino entoado nas enormes tendas pelos músicos trajados a rigor: ``Ein Prosit, ein Prosit der Gemütlichkeit´´ (um viva ao bem-estar). A cerveja é uma bebida de culto não só na Baviera, mas em toda a Alemanha. Estatisticamente em 2007, cada alemão, incluindo idosos e crianças, consome 112,5 litros por ano, no entanto o consumo per capita tem vindo a decrescer (em 1999 o consumo era de 127,5 litros). O vinho (20 litros por ano e por pessoa) fica em segundo lugar e a uma razoável distância da cerveja. Só o café é ainda mais apreciado pelos alemães (200 litros). Existem na Alemanha cerca de 5000 tipos de cerveja que, segundo o compromisso de pureza de 1516, só são fabricados a partir de quatro ingredientes. A base para o fabrico da cerveja alemã é o malte de cevada e, por vezes, o de trigo. O amido contido no malte é o elemento que dá origem ao álcool e ao anidrido carbônico, sendo à base da cerveja. Além disso, temos o lúpulo, a que se deve o sabor um pouco amargo da cerveja que serve para aumentar a sua durabilidade. Acima de tudo, é o lúpulo que determina o tipo de cerveja: dependendo do lúpulo usado e da respectiva dosagem, assim se obtem uma cerveja mais suave ou mais acre. O terceiro elemento é a levedura, da qual se distinguem dois tipos principais: a levedura para fermentação a temperaturas mais altas e a levedura para fermentação a temperaturas mais baixas. A primeira é mais antiga, fazendo-se fermentação a temperaturas entre os 15 a 20°C, enquanto a segunda necessita de temperaturas entre os 5 e os 10°C, sendo esta a razão porque antigamente a fermentação só era feita no inverno ou em temperaturas mais altas. E finalmente a água: a calcária é mais adequada para cervejas escuras e as minerais para cervejas claras.
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